26 novembro 2009

Silêncio -

“Silêncio é sinônimo de qualidade – ruído é sinônimo de quantidade.
Silêncio é essência causante – ruído é existência causada.
Silêncio tem afinidade com o Infinito, o Absoluto, o Eterno, o Todo, com Iahweh (…) Ruído é do mundo dos Finitos, dos Relativos, dos Temporários, das Partes, é Maya, mundo, natureza, efeito.
Silêncio é Fonte única – ruído são canais múltiplos.
O Uno do Universo é silêncio – o verso dessa palavra representa os ruídos.
Silêncio é Ser – ruído é Existir, ou Agir.
Silêncio e silencioso é tudo que é grande, poderoso, belo, perfeito.
Silêncio é vida, inteligência, espírito, energia – silenciosas são as trajetórias dos astros e dos átomos; silêncio é a causa de todos os ruídos dos efeitos que nossos sentidos percebem ou nossa inteligência concebe. O que está além de todos os derivados, na zona dos sentidos e do intelecto, isso é o inderivado da razão, do espírito cuja fonte brota do seio silencioso do Incógito e do Incognoscéivel.
O homem que é muito consciente no plano horizontal do existir e pouco consciente na zona do ser é barulhento, ruidoso – o homem que é intensamente consciente é tanto mais silencioso quanto mais consciente do seu ser, porque o seu ser é o eixo energético, e o seu existir é apenas uma periferia externa impelida por aquela força interna. O homem primitivo (carnal para nos cristãos) mede a abundância da sua vida pela medida dos barulhos que é capaz de produzir ou de receber. O homem primitivo não concebe a vida e vitalidade sem barulho e movimento externo; e, quando a fonte natural do ruído, a voz, é fraca de mais para produzir o barulho que ele deseja ouvir, então o homem primitivo inventa e fabrica ruídos artificiais, por meio de foguetes, bombas, morteiros, tambores e outros instrumentos ruidosos. E só então sente ele a sua vida e vitalidade. Parafraseando as conhecidas palavras de René Descartes “Cogito, ergo sum “ (eu penso, logo sou), poderíamos dizer com relação ao homem primitivo: “Eu faço barulho, logo existo”. Se não fizesse barulho que ele produz é a medida da consciência da sua existência; esse barulho lhe dá plena certeza de que existe; o efeito revela a causa; a causa silenciosa lhe é um tanto duvidosa e incerta, mas os efeitos ruidosos são manifestos.
O homem primitivo dificilmente se tolera no silêncio, porque para ele silêncio é vacuidade – e a natureza tem um “horror ao vácuo”. O homem primitivo se goza no barulho, e se sofre no silêncio, e, como todos querem gozar e ninguém quer sofrer, é lógico que ele procura o barulho e evita o silêncio, enquanto não encontrar no silêncio um fator mais vital e mais gozoso do que o barulho”.
Huberto Rohden 

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